terça-feira, dezembro 13, 2005

O milagre da vida

Ao longo da História – e especialmente em nossos dias – o sexo foi tão banalizado que poucos vêem a sublime união de dois seres como um dom divino. O ato de gerar uma vida através do encontro dos gametas masculino e feminino é fruto de uma engenharia além de nossa imaginação.

Como teriam se desenvolvido ao longo das eras e por processos casuais os complexos mecanismos da reprodução?

Existe um paradoxo que sempre intrigou os pesquisadores: os seres vivos gastam um tempo precioso em busca de um parceiro e, quando o encontram, muitas vezes precisam proteger o “achado” de rivais. Mas, mesmo quando todo o esforço vale a pena, no caso individual ou da espécie, o sexo como forma de reprodução perde de longe para a reprodução assexuada. É pura matemática: enquanto cada indivíduo assexuado é capaz de ter um filho, na reprodução sexuada são necessários dois indivíduos. O resultado é que, desconhecendo o sexo, uma espécie pode se reproduzir duas vezes mais depressa. Como uma lei biológica elementar faz com que qualquer espécie tenda a propagar o seu estoque genético ao máximo – isto é, mediante o nascimento do maior número possível de indivíduos – então o certo seria antes só do que acompanhado.

Mas não é isso o que se observa na natureza e aí está o paradoxo: apenas a minoria de 15 mil espécies animais, das cerca de 2 milhões existentes no planeta, “prefere” se reproduzir assexuadamente, ou seja, crescendo e se dividindo. Talvez alguns respondam que os animais “preferiram” a reprodução sexuada pois, assim, é possível embaralhar as características maternas e paternas, criando em uma mesma espécie seres geneticamente diversificados e, portanto, com maiores chances de sobreviver.

Na verdade, o sistema nervoso de todo animal já nasce programado para o sexo. Como uma espécie de seguro adicional, os genes ainda fazem com que certas glândulas jorrem hormônios, que desencadeiam o desejo, a atração sexual. Amar, de certo modo, é ter reações químicas em cascata. No caso da espécie humana, quatro milhões de receptores na pele podem captar os estímulos recebidos e enviar a mensagem do prazer ao cérebro. Como se pode perceber, é outro tipo de sistema perfeitamente ajustado e planejado, cuja perfeição deveria existir desde o início.

Se o ato conjugal é algo biologicamente maravilhoso, o que dizer da concepção e da gestação? Uma única célula ovo, formada pela união do espermatozóide com o óvulo, passa a se multiplicar e a se diferenciar, dando origem a células diferentes que farão parte de tecidos e órgãos especializados.

É interessante como Jó descreveu esse processo: “Não me derramaste como leite e não me coalhaste como queijo? De pele e carne me vestiste e de ossos e tendões me entreteceste” (Jó 10:10 e 11). E o rei Davi, mil anos antes de Cristo, também ficou fascinado com a formação de um ser humano: “Pois Tu formaste o meu interior. Tu me teceste no seio de minha mãe. Graças Te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as Tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem; os meus ossos não Te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os Teus olhos me viram a substância ainda informe, e no Teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda” (Sal. 139:13-16).

Michelson Borges é jornalista, membro da Sociedade Criacionista Brasileira (www.scb.org.br) e autor dos livros A História da Vida e Por Que Creio (www.cpb.com.br).

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