segunda-feira, agosto 11, 2008

Na ponta da língua

Certa vez, minha filha Giovanna (na época com quase quatro anos), ao provar um alimento de que não gostou, disse: “Pai, minhas papilas não gostaram dessa comida.” E ela tinha razão. As papilas são pequenos sensores que identificam o sabor das substâncias que entram na boca. A língua também possui terminações nervosas livres que, quando em contato com os alimentos, percebem sua textura. O conjunto formado pelo gosto, o tato e o aroma forma a sensação do sabor, que é interpretado por neurônios especializados, localizados no cérebro.

A língua é um órgão tão complexo que durante muito tempo os cientistas vêm tentando imitar suas capacidades. Recentemente, uma equipe de pesquisadores catalães desenvolveu o que chamam de “língua eletrônica” capaz de identificar propriedades dos vinhos e distinguir entre uvas e safras. O aparelho combina uma série de sensores que, instalados em um mesmo chip, percebem os componentes químicos que diferenciam uma uva de outra, ou uma safra de outra.

Os cientistas programaram os sensores para identificar as principais categorias do paladar: doce, salgado, amargo, ácido e umami (expressão japonesa que quer dizer “saboroso”, ou seja, a sensação agradável gerada pelo contato da língua com os glutamatos).

Mas, de acordo com os pesquisadores, o aparelho deve ser “treinado” para identificar outras variedades de uva, permitindo testes instantâneos e em campo, sem a necessidade de enviar amostras para processamento em laboratório.

É bom saber que a língua não precisa ser “treinada”. Ela é um presente do Criador, pois já nascemos com a incrível capacidade de identificar os sabores, nos deliciar com os alimentos ou, na pior das hipóteses, rejeitar algum prato porque nossas papilas não gostaram dele.

Michelson Borges é jornalista, membro da Sociedade Criacionista Brasileira (www.scb.org.br) e autor dos livros A História da Vida e Por Que Creio (www.cpb.com.br).

sábado, agosto 02, 2008

Lagartixa inspira criação de supercurativo

Mais um ponto para os cientistas – em sua habilidade de imitar a criação. Desta vez, quem os inspirou foi a lagartixa, com suas patas adesivas. Imitando essa capacidade do pequeno réptil, os pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology criaram um curativo interno que pode ser usado em cirurgias ou ferimentos. A pesquisa foi publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

O curativo foi desenvolvido de tal forma que imita as microestruturas das patas da lagartixa e que as tornam extremamente adesivas, permitindo que elas escalem paredes lisas. Sobre essa microestrutura foi aplicada uma fina camada de cola que ajuda a bandagem a se fixar até mesmo em superfícies molhadas. Os usos para um curativo desses incluem fechar o buraco causado por uma úlcera ou mesmo selar o intestino depois da remoção de uma parte dele. Como o curativo é degradável, nem precisa ser removido. E, pelo fato de poder ser dobrada e desdobrada, a bandagem também tem potencial para ser usada em procedimentos cirúrgicos em locais difíceis de dar pontos.

O especialista Kellar Autumn, do Lewis & Clark College, em Oregon, disse que, apesar de sua sofisticação, a nanoestrutura desenvolvida pelos cientistas do MIT é “relativamente primitiva” se comparada com a encontrada nas lagartixas, e conseqüentemente não é tão adesiva quanto as patas do bichinho.

Parabéns para os cientistas. Mas a natureza ainda dá de dez a zero!

Michelson Borges é jornalista, membro da Sociedade Criacionista Brasileira (www.scb.org.br) e autor dos livros A História da Vida e Por Que Creio (www.cpb.com.br).

Soluções que vêm da natureza

Já se sabe que os biólogos estão tentando copiar os mecanismos bioquímicos do flagelo bacteriano para melhorar a tecnologia biomédica. Um artigo publicado na revista Business Week, de 11 de fevereiro de 2008, confirma que essa tendência de ir à natureza em busca de inspiração para produzir tecnologia é cada vez mais comum na indústria.

O trem bala imita o formato do bico aerodinâmico de uma ave; turbinas eólicas maciças têm a forma inspirada nas barbatanas das baleias; supercolas biodegradáveis são desenvolvidas a partir da análise de como os mexilhões se agarram às rochas debaixo d’água. E por aí vai.

O artigo explica ainda que a biologia pode igualmente fornecer “tecnologias de fabricação não poluentes e energeticamente eficazes”.

Outro projeto fascinante está sendo conduzido pela Ford/Volvo para desenvolver um sistema anti-colisão com base na forma como os gafanhotos se deslocam em enxame sem se chocarem uns com os outros. Além disso, a IBM está desenvolvendo um sistema para imitar a maneira como as conchas abalone misturam partículas microscópicas de carbonato de cálcio num processo denominado “self-assembly” (auto-montagem). Esse mesmo princípio está sendo aplicado no desenvolvimento de processadores capazes de reduzir o consumo de energia em cerca de 35%.

O artigo é bem interessante, enquanto se limita aos fatos. A certa altura, no entanto, afirma que esses recursos biológicos “têm evoluído no mundo natural ao longo de bilhões de anos”. Curioso, não? Produtos de processos evolutivos “cegos” suplantam a tecnologia humana, que é produto de projeto inteligente!

Acho que não são os processos que estão cegos...

Michelson Borges é jornalista, membro da Sociedade Criacionista Brasileira (www.scb.org.br) e autor dos livros A História da Vida e Por Que Creio (www.cpb.com.br).

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