O
paradigma básico das pesquisas em visão artificial consiste em coletar imagens
com câmeras e processar os arquivos digitais resultantes com algoritmos de
reconhecimento de padrões. Como essa técnica tem limitações muito claras, os
pesquisadores estão partindo para copiar - ou pelo menos imitar - o sistema
visual de animais. Os gafanhotos foram os escolhidos de uma equipe
multi-institucional europeia, liderada por Shigang Yue (Universidade Lincoln) e
Claire Rind (Universidade de Newcastle). Segundo eles, o funcionamento do
sistema visual único dos gafanhotos pode ser transferido para tecnologias que
incluem sensores para evitar colisões entre veículos, inspeção de linhas de
produção, vigilância, videogames e
navegação de robôs. Os gafanhotos possuem uma forma de processamento das
informações visuais extremamente rápida. Usando sinais elétricos e químicos,
esses insetos conseguem evitar os choques uns com os outros e, como voam baixo,
evitam igualmente chocar-se com obstáculos no solo.
Segundos
os pesquisadores, esse sistema de processamento incorporado na própria biologia
do animal pode ser recriado por meio de equipamentos e softwares adequados, e então incorporado em robôs e outros
equipamentos. Para isso, eles criaram
um “controle motor visualmente estimulado”, um dispositivo formado por dois
tipos de detectores de movimento e um gerador de comandos motores. Cada
detector processa as imagens e extrai informações relevantes que são então
convertidas em comandos motores - desviar de um obstáculo, por exemplo.
“Nós
criamos um sistema inspirado nos
interneurônios sensitivos do movimento do gafanhoto. Esse sistema foi então
usado em um robô para permitir que ele explore caminhos ou interaja com
objetos, usando unicamente as informações visuais”, explicou o Dr. Yue. Os
robôs normalmente fazem isso usando sensores de infravermelho e radares.
Essa
foi a apenas a primeira demonstração do projeto. Os pesquisadores já dispõem de
financiamento da União Europeia pelos próximos quatro anos, quando pretendem
que o sistema esteja pronto para ser incorporado em sistemas anticolisão para
carros. “Essa pesquisa demonstra que a modelagem de sistemas neurais visuais
artificiais biologicamente plausíveis pode trazer novas soluções para a visão
computadorizada em ambientes dinâmicos. Por exemplo, isso pode ser usado para
permitir que veículos entendam o que está acontecendo à frente e tomar ações
adequadas”, disse Yue.
Nota:
Releia: “O paradigma básico das pesquisas em visão artificial consiste em
coletar imagens com câmeras e processar os arquivos digitais resultantes com
algoritmos de reconhecimento de padrões.” Se eu lhe dissesse que essa coleta de
imagens e esse processamento de arquivos digitais com algoritmos de
reconhecimento de padrões se desenvolveu por acaso, ao longo de milhões de anos
de mutações aleatórias filtradas pela seleção natural, você acreditaria nisso?
Releia mais: “Como essa técnica tem limitações muito claras, os pesquisadores
estão partindo para copiar - ou pelo menos imitar - o sistema visual de
animais.” Muitos desses pesquisadores querem que creiamos que o sistema
ultracomplexo que eles estão imitando foi fruto do acaso...[MB]